sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Clones, cópias, sósias e outras aberrações.

E acordo todo dia tarde, apenas para me olhar no espelho e ver que nada mudou. Os medos são os mesmos, a face cheia de imperfeições, o corpo frágil, a mente frágil, a solidão inerente a meu ser.

Tento me confortar com a imagem no espelho, troco palavras em vão, sabendo que não haverá resposta nem para minha mais simples pergunta.

"Eu não entendo." penso, desesperado. Meus olhos fixam os do outro como quem busca na profundeza da alma a esperança.

Ele não responde, desvia o olhar. A princípio penso tratar-se de má vontade... mas percebo rapidamente a verdade.

Ele tampouco sabe. A resposta não está em mim, e ele sou eu, eu e ele somos nós. E a resposta está exatamente nessa palavra... "nós".

Encosto a palma da mão aberta na fina camada de material amorfo que me separa de mim mesmo. Sinto-me uno então, à medida que sinto o calor de sua mão transferindo-se à minha, o calor de sua alma.

E sinto-me pronto. Ou deveria dizer "sentimo-nos"? Seja como for, estamos prontos, para acordar amanhã e não precisar de espelhos para ver que tudo mudou, e para poder mostrar ao mundo de hoje que aquele que conheceram é mais, muito mais, do que apenas mais um.