domingo, 31 de agosto de 2008

E pararia, por tudo.

E a passos lentos me movo, porque se faz necessário apreciar a paisagem... e a passos lentos me movo, porque se faz necessário que não chegue agora aonde desejo.

Sento-me naquele banco e passo horas a olhar o mar, este que não mais cessa seus encantos. Olho para o lado e vejo o banco vazio, sinal de que a ausência é verdadeira, visto que não mais sinto o calor daquele corpo em meus braços, ou o perfume roubado em meio a risadas.

Levanto daquele banco e percebo-me não mais à beira-mar, mas agora naquele gramado de outrora. Por ironia este gramado me lembra certo terreno na cidade natal de minha mãe, onde sentei por vezes a pensar aqueles meus pequenos pensamentos de criança despreocupada, nunca imaginando como a vida mudaria em tão pouco tempo...

E caminho... passos lentos... lembranças no bolso e mão aberta, mente aberta...

Cada passo se torna menor que o anterior, e percebo por minhas pegadas então como ainda sou pequeno... fico feliz...

Percebo que é necessário que se caminhe devagar... apreciando a paisagem, aprendendo, vivendo cada momento sem correr, sem querer crescer...

Cada momento é único. Alguns não voltam mais e outros não devem voltar, não até que a última folha do outono caia , e o inverno traga o frio. Seremos grandes então, mas o frio nos fará tremer, como faz hoje o medo, e sentaremos juntos abraçados e envoltos em nossos cobertores de experiências a assistir o maior e mais intenso filme de todos, o filme da vida.

E pararia, por tudo.



Voltei a escrever textos.

Agradeço pela inspiração para este texto, e por muito mais, mas isso são outras palavras...

sábado, 16 de agosto de 2008

Não?

E se essa solidão te acompanhasse... pelo resto da vida?


Acordei e lavei o rosto, vesti meu jeans preto e calcei meu all star branco. Dirigi-me à janela, com medo de deixar aquele quarto. Podia ouvir tua respiração vindo da cama aonde dormias, seminua, esperando que por ventura meus beijos e carinhos te acordassem para mais uma cena de amor, tal quais as que pintava eu em sonhos eternos de sonos etéreos.

Não que não me fosse prazeroso suprir tal demanda de profundo ardor, entretanto não senti em tua pele uma vontade de entregar-te a meus cuidados, por mais que o ar que saisse de tua boca me dissesse o oposto.

Tomei um copo d'água, e sentei-me ao pé da cama. Estavas ao meu lado agora, meu amor. Todas as noites as quais minha memória alcançava, todas as cores de roupas, as meias, as toucas, tudo voltava à minha mente, em um turbilhão de imagens, sons e sentimentos que me atordoou por alguns minutos.

Precisava trabalhar, seria hoje a gravação daquele novo single, o qual havia composto em uma tarde de ressaca, depois daquela festa de comemoração do lançamento de meu novo CD, festa na qual pedi tua mão em casamento, e na qual pela primeira vez te vi chorar.

E o medo me consumiu, novamente. Ela me esperava lá fora... todo dia estava ela à minha espera, porque suprisse eu suas demandas, as quais tua pele me negava. Era assim que passava minhas tardes, junto a ela.

Despia-me e buscava tudo o que de mais íntimo tivesse para tocar com seus dedos longos e gelados, abraçava-me e beijava-me na frente de todos, os quais fingiam não perceber o que acontecia ao seu redor.

E roubava meu coração todos os dias, porque te sentisse eu distante, deitada em tua cama, seminua, respirando lentamente o ar que nas horas seguintes compartilharíamos abraçados após mais uma noite perdidos em um mar de cobertores e travesseiros, tantos que mal se distinguiria o fim da cama do começo da cozinha.

Abraças-me pelas costas, encontro-me ainda sentado aos pés da cama. Beijas-me a nuca e desejas-me uma boa gravação. Beijo teus lábios e me levanto lentamente. Com a mão direita seguro meu instrumento, finalmente o MEU instrumento. Abro a porta e lá está ela. Olho para trás e te vejo sentada na cama, lendo uma reportagem sobre a intensa ocorrência de melanomas em povos da áfrica. Uma lágrima escorre em meu rosto.

E ela me abraça e me puxa, fazendo desaparecer a visão de ti que tanto me aquece por dentro. Me dá bom dia e diz que me ama, e que nunca me abandonará.

Pelo resto de minha vida.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Engraçado...

É engraçado encontrar em outras palavras a resposta de perguntas que nunca me fiz, porém o mais engraçado é achar nas minhas palavras as respostas às respostas daqueles que nunca me fizeram perguntas.

E foi assim, lendo pensamentos de outros que parafrasearam outros, que encontrei hoje a pergunta a uma resposta que nunca pensei botar em palavras, até pelo fato de não ser uma resposta concreta, e sim mais uma pergunta, de palavras que não sei se são minhas, ou de outros, ou sentimentos que não podem ser expressos em palavras, muito menos respondidos por outros, que nem ao menos se perguntaram assim como o fiz.

Como não pretendo chegar a conclusão alguma, exprimir-me-ei por meio destas minhas palavras de ninguém, resposta a todos os que se perguntam, e reflexão a todos que não se perguntam.

Amor é sim um egoísmo, e é sim regido por interesses particulares.

Posso parecer rude falando desta maneira do amor, mas é assim que o vejo. Desculpem-me os mais tradicionais, mas sou sim egoísta, e meu amor é regido por interesses puramente particulares.

Continuarei sempre assim, não importa o quanto me julguem, o quanto me digam que não é assim que deve ser.

Amo por interesses particulares, porque todos os seus sejam realizados, busco ser interessante, porque encontres nesta particularidade a felicidade. Vivo por ti e não abro mão disso, e não me venham dizer que deve-se pensar no coletivo, ou em mim mesmo, não ligo para outros.


Egoísmo puro.

Aprender a viver

Sinto que não importa aonde vá, não chego a lugar algum. No fundo não importa mesmo aonde eu vá, não sei aonde quero chegar, afinal.

Não sei se quero chegar a algum lugar, talvez para mim a graça da vida esteja realmente em vagar, percorrer os caminhos, observar as paisagens, ouvir os sons que me envolvem e simplesmente viver, amar, ser.

Nunca entendi o trabalho, a escola, muito menos o ato de estudar. Sou a favor de uma escola sem estudo, não pensem mal de mim, não é uma questão de preguiça, ou de irresponsabilidade, apenas não acredito que o estudo como existe seja a melhor forma de aprender, de entender.
Horas a fio debruçado sobre livros infindáveis, fórmulas mirabolantes, datas, cálculos... aonde me levaram estas horas? Desculpem a sinceridade, mas a NADA produtivo. Faço questão de esquecer.

Penso que não deveriam existir aulas de física, aulas de química, aulas de história, e tantas subdivisões com as quais convivemos grande parte da vida, sem nem ao menos saber seu motivo.
Ao invés de uma hora aula de matemática, cheia de fórmulas e conceitos, por que não uma aula de "apreciação da matemática", aonde aprenderíamos não a matemática, a qual não se prova de grande valia no dia a dia da maioria das pessoas, mas observaríamos o desenvolvimento do pensamento matemático e sua evolução pela história, o desenvolvimento do raciocínio lógico, este sim de grande valia no viver?

Horas a fio jogado na cama, pensando, amando, ouvindo música, apenas analisando as coisas ao meu redor, sem preocupação alguma... essas sim, essas não consigo esquecer, pois foram as horas que formaram a pessoa que sou, e a cabeça que tenho. Talvez seja minha mente um tanto deturpada da realidade aonde estou inserido, ou talvez seja a realidade em que estou inserido um viver torpe, uma escola da vida, aonde a única coisa que se aprende, é como "não viver".



Sinto-me perdido, sem rumo. Sinto-me vazio, de saco cheio.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Meia noite

Sonhei contigo...
Em sonho, eras minha,
minha e de mais ninguém.
Tua pele era a nossa e meus olhos teus fiéis seguidores,
percorrendo teus fios de cabelo e teus pés
E ao revés escapavas-me à vista,
porque por sorte me mantivesses perdido em teus suaves beijos,
ao passo que Morfeu abraçava-nos lentamente,
acordados agora para um novo dia,
no qual poderia eu novamente inventar-te minha,
e somente minha.