segunda-feira, 22 de junho de 2009

Passe, tempo.

Sem meias palavras, ou dois significados.


Passe tempo, rápido. Não hesite em levar-me, dessa vez.
Gire mundo, duas vezes, como se fosse uma.

Confuso passatempo, rápido. Hesito em levar-te, dessa vez.
Gire mundo, uma vez, como se fossem um.

Passe tempo, dessa vez. Não hesite em girar o mundo, rápido.

Como se fosse uma, passe.
Como se fossem um... tempo.

domingo, 21 de junho de 2009

Passatempo. [2]

E por hoje, amar-te me basta.

Sinto que abrir-te a boca agora seria permitir que ambas entrassem em meus ouvidos como uma, e sinto que teus lábios permanecem cerrados, e teus dedos estáticos, por saberem que proferí-las seria transformar o desconhecido íntimo em íntimo desconhecido.

Passatempo.

As horas passavam rapidamente. Parece que quando fazemos algo bom, o tempo passa tão rápido, como que para nos privar de aproveitar ao máximo aquilo que nos traz prazer. E assim ele se encontrava, no auge do prazer. O suor, os lábios, o toque, as fragrâncias, desconhecidos íntimos de seus lábios e mãos. As horas passavam rapidamente, avisando que seu tempo estava acabando, e assim cortava a câmera para a próxima cena. Na porta de saída, mãos lavadas, corpo limpo, roupas vestidas.

Os passos passavam mais que rapidamente, e desejou que por um minuto, um minuto durasse mais. Girou a chave e a maçaneta como se fossem uma só, por mais que agora fossem duas. Havia chegado a tempo.

Sentou-se à mesa, e pôs-se a ler uma revista. A maçaneta por fim girou como uma e, como uma, entraram as duas. A mentira havia sido descoberta, disseram. Quebraram-se copos e corações, e agora haviam apenas o homem, a chave, e a maçaneta. Sozinho, ele olha pela janela, confuso e feliz, por em verdade nunca ter mentido, ao menos não para si próprio.