Meus insensíveis dedos gelados percorrem curiosos tua pele macia e quente, descrevendo retas, rotas, escrevendo notas tortas.
Meus olhos dissecam tua íris, buscam em tua pupila a semente de teu ser.
Teus cabelos compridos põem-se a dormir sobre teu colo, que se move lenta e suavemente a cada ciclo de tua respiração, para cima, e para baixo.
Posso sentir tua mão trêmula que acaricia minha nuca, ver teus dentes morderem levemente teu lábio inferior, dançando por entre teus caninos e fascinando-me.
Horas passam, e a sentença é finalmente proferida.
"Preciso ir."
Recém acordado de meu estado contemplativo, demoro a digerir tais palavras, e preparo minha despedida. Sugiro novo encontro, quem sabe no dia seguinte, quem sabe com a vinda de uma nova lua.
"Preciso ir... de verdade."
Levantas-te vagarosamente, olhos inundados. Quebra-se a casca de nós, e o frio me envolve. Teus passos indecisos abrem, um a um, um abismo, uma porta para nunca mais.
Meus insensíveis dedos machucados percorrem dolorosamente teu braço duro e frio, descrevendo curvas e voltas, escrevendo notas vivas sobre coisas mortas.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
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Um comentário:
Cara!! Maravilhoso o blog DP!! Deu até vontade de voltar a ser inteligente e reviver meu blogger!!
Muito, muuuito bom mesmo!!
Parabéns!
Beijos boy!
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